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O que são emergências ou urgências em Ortopedia?

Muitas pessoas esclarecidas, profissionais da saúde que não tem contato frequente com a Ortopedia, ou às vezes até mesmo meus residentes do 1o ano do Hosp. Gov. Celso Ramos, tem dificuldades em dissernirem exatamente quais problemas são realmente de necessidade de tratamento imediato, e quais podem aguardar melhores condições tanto para o doente quanto para a lesão, para tratamento mais adequado.


Essas questões muitas vezes geram grande ansiedade nos doentes e familiares, não raro fazendo-os tomarem decisões erradas em momentos de grande estresse. Aqui seguem algumas orientações sobre o que são problemas emergenciais, urgenciais e eletivos em Ortopedia.

Patologias ortopédicas de atendimento emergencial são problemas que impõem risco imediato de vida por:


  • Hipovolemia - perda sanguínea excessiva que causa falha do sistema cardio-vascular

  • Perda funcional irreversível por lesão neurológica progressiva, ou a isquemia arterial do membro, com risco de amputação.

Essas lesões devem ser rapidamente identificadas e encaminhadas para tratamento imediato em unidades especializadas. Entre elas estão:

  • Lesões do anel pélvico (bacia) com comprometimento hemodinâmico;

  • Politraumatismo grave com múltiplas fraturas expostas e sangramento incoercível;

  • Fraturas de ossos longos que causem alteração hemodinâmica por hipovolemia ou pela síndrome da embolia pulmonar gordurosa;

  • Síndrome da cauda equina (traumática ou não);

  • Fraturas da coluna vertebral com compressão medular e déficit neurológico progressivo;

  • Fraturas ou luxações dos membros com compressão arterial isquêmica ou de nervos periféricos, que apresentem falência neurológica progressiva;

  • Fraturas expostas com lesões arteriais;

  • Síndrome compartimental traumática de rápida progressão.

As patologias ortopédicas de tratamento de urgência, são todas as outras lesões traumáticas agudas, que necessitem tratamento com brevidade, porém não impõem os riscos imediatos descritos para as lesões de tratamento emergencial. São elas:

  • Fraturas;

  • Lesões Ligamentares;

  • Derrames articulares;

  • Rupturas musculo-tendinodas;

  • Avulsões óesseas causando compressão cultânea;

  • Lesões neurológicas agudas, com déficit motor-sensorial estabelecido e não progressivo.

Classicamente, o tratamento cirúrgico de urgência para as fraturas expostas com debridamento dos tecidos desvitalizados, higienização do foco de exposição e estabilização óssea (provisória ou definifitiva), deve ser realizado em até 06 horas do momento do trauma. Entretanto alguns estudos recentes tem posto em cheque esse prazo.


São caracterizadas fraturas expostas, todas as fraturas que apresentem comunicação do foco fraturário com o meio externo (incluindo o trato gastro-intestinal), independente do tamanho da exposição. Em lesões de pele puntiformes (menores de 1 cm), em que a exposição ao meio deu-se na maioria das vezes por trauma de baixa energia e, normalmente, de dentro para fora, a avaliação adequada do suposto foco de exposição, com a presença de sangramento gorduroso, caracteriza a exposição do foco fraturário ao meio externo. Em lesões mais extensas de partes moles, o diagnóstico da exposição fica mais evidente. Escoriações, sem descontinuidade cutânea e sangramento gorduroso, não caracterizam exposição óssea, mesmo com a presença de fratura subjacente.


Todas as demais fraturas fechadas, que não imponham risco aumentado de vida, amputação, lesão neurológica progressiva ou infecção, podem ser estabilizadas com órteses para transporte ou tratamento provisório, e encaminhamento para posterior estudo de imagens e terapêutica adequada a cada caso específico.


Lesões musculares/tendinosas expostas, rupturas traumáticas de nervos periféricos, e exposições articulares ao meio externo (desde que não haja incongruência articular evidente - luxação), que não possam ser imediatamente encaminhados à serviços terciários, podem ser inicialmente tratadas em unidade básica de saúde, com a finalidade principal de evitar infecção precoce e exposição prolongada ao meio externo das estruturas, gerando necrose tecidual irreversível.

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